quarta-feira, 3 de março de 2010

A verdade

Estes dias me perguntei se a verdade é absoluta ou se é aquilo no que a maioria acredita. Alguém me respondeu que a verdade absoluta é aquela que não deixa de ser verdadeira em quaisquer circunstâncias.

Como tive educação cristã, o fato de a verdade ser absoluta sempre foi algo natural para mim. Deus pode existir mesmo que ninguém acredite nEle? E se apenas alguns forem descrentes? Para os que crêem, Deus existirá, e os incrédulos serão julgados de acordo com suas opiniões. E vice-versa.

Constatei que, pelo menos para mim, a verdade precisa de um referencial. 

A existência de uma verdade absoluta, que se aplique a todos, independente de a aceitarem ou não, é a raiz da discórdia entre todas as religiões e crenças. Mesmo que algo exista, enquanto houver o livre arbítrio, uma pessoa pode decidir se aquilo é verdadeiro para ela ou não. Se eu decidir que a cor do céu é verde, mesmo que os outros me julguem louco, rebelde ou cult, aquilo será verdadeiro enquanto eu quiser que seja.

Assim como todas as outras escolhas que fazemos, devemos lidar também com as conseqüências de nossa fé. Um consenso mínimo sobre o que é verdadeiro e válido é necessário para que uma civilização se estabeleça. Porém, a generalização deste princípio usualmente acaba resultando na imposição da verdade definida pela maioria.

É um aspecto paradoxal da democracia, empiricamente a melhor forma de coexistir em sociedade. Se um bilhão de pessoas acreditarem em algo que você considera tolo, isso não deixará de ser tolo para você. Mas você pode ser considerado tolo por esta maioria ao discordar. E isso pode ser perigoso ou, no mínimo, inconveniente.

Por que isso é importante? Será esta a melhor forma de ver as coisas? Pessoalmente, imagino que ao pensar assim, evito julgar impulsivamente alguém que discorda de mim. E abro uma porta para que ocorra um fenômeno cada vez mais raro: comunicação, ao dar um sinal de boa vontade e respeito para com a outra parte. 

Peço aos mais fundamentalistas cristãos que analisarem apenas a conotação religiosa deste texto: por favor não me acusem de defender de forma disfarçada o princípio da "tolerância ao pecado", "relativismo generalizado" ou "secularismo".

Reflitam sobre a idéia de que a evangelização pode ser mais eficaz através de um argumento de autoridade sugerido por um bom testemunho, não por imposição de idéias, preconceito e orgulho denominacional. Desconheço a ocorrência destes últimos na Bíblia.

Um comentário:

  1. Muito bom o bostejo.
    Porem acredito que a verdade, so eh verdade, se for absoluta. Deve ser algo que possa ser comprovado. Qualquer coisa que nao possa ser comprovada, eh no minimo suspeita.
    Abracao! Eduardoso

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